É uma das patologias mais comuns da região do punho e mão e resulta da compressão do nervo mediano a nível da face palmar do punho, no seu trajeto no canal cárpico. Pode atingir uma das mãos ou ambas. Esta compressão causa sintomas como dormência, formigueiro e dor. O desconforto localiza-se especialmente no polegar, no dedo indicador e na região da palma da mão. O 4º e 5º dedos estão poupados porque são inervados pelo nervo cubital.  Normalmente, surge com sintomas ligeiros, de predomínio noturno. Contudo, os sintomas podem progredir, levando a fraqueza e dificuldades em atividades diárias ou realizar movimentos de precisão (ex: deixar repetidamente cair objetos).

O Que Causa a Síndrome do Canal Cárpico?

Nem sempre se identifica uma causa única. No mesmo indivíduo, diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento desta condição, incluindo:

• Anatomia do punho – Algumas pessoas têm um canal cárpico mais estreito, o que aumenta o risco de compressão do nervo.
• Movimentos repetitivos – Atividades que exigem flexão repetida do punho, como escrever em teclados, trabalhar com maquinaria pesada ou tocar instrumentos musicais.
• Doenças inflamatórias e metabólicas – Patologias como artrite reumatoide, diabetes e doenças da tiroide podem aumentar o risco de síndrome do canal cárpico.
• Alterações hormonais – Gravidez e menopausa podem levar a um aumento da pressão dentro do canal cárpico.
• Medicação – Alguns medicamentos para o cancro (comprimidos e injetáveis) podem causar esses sintomas. Há associação do síndrome do canal cárpico com alguns medicamentos para o colesterol (estatinas).
• Obesidade e estilo de vida – O excesso de peso e a falta de atividade física podem estar associados ao desenvolvimento da doença.

Tratamentos:

O diagnóstico precoce é essencial para evitar a progressão dos sintomas. É importante avaliação médica, habitualmente complementada com eletromiografia. Os tratamentos devem ser adequados à pessoa, atividade laboral e severidade dos sintomas:

• Uso de talas – Imobilizar o punho, especialmente à noite, pode reduzir a compressão sobre o nervo.
• Medicação e fisioterapia – Anti-inflamatórios, exercícios terapêuticos e técnicas de alongamento podem ajudar a aliviar os sintomas.
• Hidrodisseção do Nervo Mediano – Um dos tratamentos minimamente invasivos mais eficazes. Este procedimento consiste na injeção de soro fisiológico ou fármacos anti-inflamatórios próximos ao nervo comprimido, utilizando orientação por ecografia para garantir a máxima precisão. A injeção cria mais espaço ao redor do nervo, reduzindo a compressão e melhorando os sintomas.
• Libertação percutânea: também é uma técnica ecoguiada minimamente invasiva. Neste procedimento, é inserida uma agulha na região do canal cárpico, com anestesia local. Através de movimentos repetidos, consegue-se desfazer aderências e libertar o nervo mediano das estruturas que o comprimem.
• Cirurgia: deve ser considerado tratamento de última linha, reservado para os casos de compressão grave do nervo mediano, que não melhoraram com tratamentos menos invasivos. Consiste na secção do ligamento transverso do carpo, com consequente descompressão do nervo. Após a cirurgia, é aconselhado tratamento de reabilitação para otimização dos resultados.

Quando Procurar Ajuda Médica?

Se sentir dormência, dor, fraqueza ou alteração da coordenação da mão. Caso estes sintomas interferirem com as tarefas diárias e qualidade de vida, é essencial procurar uma avaliação médica. Um diagnóstico atempado e um plano de tratamento adequado, com necessidade ou não das novas técnicas minimanete invasivas e guiadas por Ecografia podem evitar a necessidade de cirurgia (cada vez menos realizada) e permitir um retorno mais rápido às atividades do dia a dia.

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Autor: Margarida Mota Freitas