Sabia que nem todas as pessoas que têm uma rotura do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) têm de ser operadas?

A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) é uma das lesões mais temíveis da prática desportiva pelo mediatismo e impato clínico-funcional na pessoa a curto, médio e longo prazo.

Trata-se de uma lesão que envolve principalmente desportos de salto e Pivot-Shift (futebol, basquetebol, andebol, etc), com o mecanismo a ocorrer (na maior parte dos casos) sem contato, existindo geralmente um valgo do joelho com rotação externa da tíbia/rotação interna do fémur.

Frequentemente os atletas sentem um “estalo” no interior do joelho associado a limitação funcional imediata com dor, dificuldade na mobilização do joelho, derrame na articulação e dificuldade na marcha com necessidade de apoio de Canadianas.

O diagnóstico é efetuado pela visualização do mecanismo lesional (quando possível) e pela realização de alguns testes no exame objetivo que confirmam (ou não) a instabilidade ântero-posterior e rotatória da tíbia sobre o fémur. Imagiologicamente a Ressonância Magnética é o exame Gold Standard para o diagnóstico e que pode corroborar ou não os achados do exame objetivo.

Posto isto e confirmando-se a rotura aguda do LCA a pergunta que se coloca é: E agora? Tenho de ser operado?

Importa salientar primeiramente que como todos os tratamentos, este deve ser individualizado e adaptado às características da pessoa que sofreu a lesão, dependendo a atitude a tomar (tratamento conservador ou cirúrgico) de uma série de fatores ainda não completamente consensuais e completamente compreendidos (idade, estado de maturação esquelética, desporto praticado e perspectivas futuras, nível competitivo, instabilidade rotatória e ântero-posterior, sensação de instabilidade articular, índice de massa corporal, patologias associadas, etc)

Bem, aqui e assumindo-se rotura isolada do LCA é consensual que atletas de elevado nível competitivo, em desportos acima mencionados, devem ser submetidos a correção cirúrgica do ligamento, podendo ser descritas várias técnicas cirúrgicas. E se a curto prazo esta cirurgia permite uma maior estabilidade articular, também sabemos que a médio/longo prazo (acima de 10 anos) estes atletas irão sofrer um processo de artrose mais acelerado da articulação, com as consequências que daí advém (dor, limitação funcional, imobilismo) mesmo cumprindo um processo de reabilitação com todos os critérios cronobiológicos e clinico-funcionais atingidos e que atualmente ronda os 9 Meses.

Apesar de tudo, para a grande maioria da população que pratica atividade física de forma recreativa, a opção cirúrgica pode ser discutível e em casos muito bem selecionados a nossa experiência assim o demonstra, em que, um tratamento conservador, sem recurso a cirurgia e um protocolo de reabilitação longo e que ronda um mínimo de 9 meses (timing semelhante ao tratamento cirúrgico) confere melhor resultado a curto prazo, sem a comorbilidade iatrogénica da cirurgia, apesar de semelhante taxa de artrose no futuro a médio/longo prazo). Claro está que esta abordagem deve ter em conta as expectativas da pessoa e acompanhada de um programa educativo da história natural da lesão do LCA e dos seus outcomes.

Podemos então argumentar com certeza, que em casos selecionados, a opção conservadora (não-cirúrgica) pode ser uma opção a considerar nalgumas pessoas, com o pressuposto de se efetuar um processo de reabilitação estruturado e manutenção de um trabalho de mobilidade e reforço muscular nos anos seguintes ao episódio, bem como hábitos de estilo de vida saudável, tal como seria desejável com a opção cirúrgica.

 

Peça um agendamento e saiba como o podemos ajudar na avaliação e tratamento das suas lesões desportivas.

 

Autor: Nuno Loureiro

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